
Como a inflação afeta seus investimentos? Esse fenômeno, caracterizado pelo aumento generalizado dos preços de bens e serviços, impacta diretamente o poder de compra e a economia como um todo. No Brasil, o índice mais utilizado para medir essa variação é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que abrange cerca de 90% da população urbana do país.
Ele é calculado mensalmente a partir da variação de valores de uma cesta de produtos e serviços essenciais, que inclui alimentação, transporte, habitação, saúde, entre outros.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro de 2015 a dezembro de 2024, a inflação acumulada foi de aproximadamente 75%, o que significa que, com a mesma quantia de dinheiro, os consumidores conseguem adquirir apenas 75% do que compravam há uma década.
Isso pode ser impulsionado por diferentes motivos, como a alta na demanda por produtos e serviços ou a elevação nos custos de produção. Além disso, fatores externos, como crises internacionais e variações cambiais, também podem pressionar essa expansão.
Nesse sentido, o Brasil registrou um crescimento de 4,83% em 2024, acima da meta do Banco Central, que era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5%.
Inclusive, a projeção para 2025 já foi revisada para 5,58%, marcando a 17ª alta consecutiva nas estimativas do mercado, segundo o Relatório Focus.
Esse problema tem um impacto direto nos investimentos. Ativos de renda fixa, como a poupança e alguns títulos públicos, sofrem diretamente, pois seus rendimentos podem ficar abaixo do aumento geral dos preços de bens e serviços, resultando em uma perda real de valor.
Já os de renda variável, como ações, são afetados indiretamente. A elevação dos custos de produção e a redução do poder de compra podem prejudicar o desempenho das empresas, refletindo na volatilidade do mercado acionário. Diante disso, torna-se fundamental adotar estratégias que garantam proteção e rentabilidade.
“Supomos que a inflação projetada para os próximos 12 meses é de 4,5%. Para que o investidor tenha ganhos reais acima dela, ele deve escolher produtos de investimento que ofereçam retornos de, no mínimo, 3 vezes sobre a projeção esperada. Dessa forma, é possível se precaver contra cenários de estresse no IPCA”, explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.
Assim, uma estratégia eficaz é investir em ativos reais, como imóveis e commodities, que tendem a se valorizar com a ascensão dos preços, garantindo a preservação patrimonial.
Ademais, Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, recomenda ações de companhias do setor elétrico e de saneamento, como Eletrobras (ELET3), Transmissão Paulista (TRPL4) e Sanepar (SAPR4). “São empresas que sofrem pouco com a inflação, pois conseguem repassar os custos ao consumidor”, explica.
Já os fundos imobiliários (FIIs) se mostram atrativos porque seus contratos de aluguel costumam ser corrigidos, proporcionando retornos ajustados ao cenário econômico.
Outra alternativa são os títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA+. Entre as opções, é possível encontrar também certificados de depósito bancário (CDBs), letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA).
Além disso, especialistas enfatizam a importância da diversificação. “Investir em uma combinação desses ativos pode ajudar a garantir que o portfólio não apenas proteja o poder de compra, mas também gere um retorno real ao longo do tempo”, afirma Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
Nesse contexto, a segurança jurídica também se torna um fator relevante. Os especialistas em direito econômico desempenham um papel essencial para orientar os investidores sobre estratégias para proteger seus ativos em períodos de instabilidade. A legislação financeira disponibiliza ferramentas de proteção, como a indexação de investimentos à inflação, que se tornam cruciais em momentos de alta.